Após essa época de sufoco na faculdade, enfim, o bloqueio mental acabou e estou aqui de volta.
Nesta semana chegou às lojas o novo álbum do Gilberto Gil, o Banda Larga Cordel. Depois de 11 anos sem lançar algo inédito, desde o álbum Quanta (1997), Gil se movimentou, e já estava mais do que na hora de mostrar algo novo para nós, fãs de sua música. Ainda não adquiri o CD, mas, graças à internet, já tive a oportunidade de ouvir e, sinceramente, gostei do que ouvi.
Os fãs já acostumados com a musicalidade do Gil, totalmente exacerbada, típico de sua veia tropicalista, não acharão nada de diferente neste álbum, que segue bem o estilo que ele veio apresentando em seus últimos álbuns, no caso, uma mistura de Reggae, encontrada no álbum Kaya N’Gan Daya (2002), disco de covers de Bob Marley, e uma sonoridade em um estilo nordestino, forró, xote, apresentadas nos álbuns São João Vivo (2001) e Gilberto Gil e as Canções de Eu, Tu, Eles (2000). Este último, disco de versões que ele fez para a trilha sonora do filme Eu, Tu, Eles (2000). O Gil disse que algumas canções têm um tema poético popular, nordestino, um estilo que se relaciona diretamente com a poesia de cordel. Além de alguns sambas, o álbum tem recursos eletrônicos também presentes, já que a expressão Banda Larga remete a tecnologia.
O disco contém 16 faixas e ressalto algumas aqui. A primeira do disco é intitulada
Despedida de Solteira. A música é um xote, uma letra que, segundo Gil, é bem maliciosa. Uma história divertida que fala de uma mulher que casa com outra mulher. A segunda,
Os Pais, tem uma sonoridade mais pop/rock, e um tema que fala de regras, repressão e liberdades.
Não Grude Não é a terceira música do disco e é um forró que ele fez para o filme O Homem que Desafiou o Diabo, do diretor Moacyr Gomes.
O disco segue com dois sambas, duas regravações. A primeira é
Formosa, uma das parcerias de Vinícius de Moraes com o grande violonista Baden Powell. A segunda é uma nova roupagem para a faixa
Samba de Los Angeles, feita pelo próprio Gilberto Gil, mas já gravada por ele no disco Nightingale, em 1979. Tem a faixa
La Renaissance Africaine, com um ritmo mais eletrônico, uma letra em francês. Música feita por encomenda para o festival de artes negras que acontecerá em 2009 na África do Sul. A bela poesia de
Olho Mágico, sétima faixa, mostra que Gil ainda não perdeu aquele jeito de brincar com as palavras.
Outra música que eu gosto muito é
Minha Gueixa no Tatame. Um samba animado que tem o mesmo arranjo melódico da música
Minha Nega na Janela, do disco Antologia Samba-Choro (1978), parceria de Gil com Germano Mathias.
Máquina de Ritmo, décima quarta do disco, é um das favoritas. A primeira vez que ouvi foi no DVD Outros Bárbaros, versão mais atual dos saudosos Doces Bárbaros, composto por Caetano, Gil, Gal e Bethânia. É um samba onde Gil fala da oposição das pessoas contra a máquina de ritmo, aparelho usado por alguns músicos, e faz uma argumentação a favor dos progressos da música, mostrando mais uma vez a sua veia tropicalista.
E, para terminar, a faixa título do álbum,
Banda Larga Cordel. Gil define como a mais politizada do disco, onde ele faz uma apologia às tecnologias, uma mistura entre poesia e política.
Logicamente, a melhor forma de comprovar tudo isso que falei é escutando o Banda Larga Cordel. Pela WEB existem vários sites que disponibilizam os links para Dowload. Clique
aqui e ouça na íntegra as faixas do disco no site do Gilberto Gil.
Este outro link vai para o site do disco. Lá contém mais informações sobre ele, além de vídeos da turnê, entrevistas e fotos. Vale a pena conferir.
Fui.