terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sou - Little Joy

Ouvindo os trabalhos individuais de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, não evitei uma comparação entre os dois álbuns. Não uma comparação pra dizer quem se saiu melhor, mas apenas analisando o projeto dos dois hermanos.

O Sou, de Camelo, eu recebi bem desde a primeira ouvida. A banda que o acompanha, o Hurtmold, é excelente e faz uma sonoridade interessantíssima, principalmente no arranjo das guitarras. A faixa Mais Tarde, sexta do disco, é a minha favorita devido a esse fator.
Eu, sinceramente, acho o Marcelo Camelo mais compositor que o Amarante, sobretudo no que diz respeito à parte melódica. Em todo esse tempo de Los Hermanos ele já mostrou isso. Como exemplo as músicas Dois Barcos e Sapato Novo - ambas fazem parte do álbum 4. Melodias bonitas, dignas de um bom compositor. E, nesse trabalho novo, Camelo mostra isso de forma mais acentuada nas faixas Théo e a Gaivota, Doce Solidão e na belíssima Passeando.


Mas, o disco do Amarante me agradou mais. Acompanhado do baterista brasileiro do The Strokes, Fabrizio Moretti, e a cantora Binki Shapiro, o Little Joy me trouxe um sentimento mais agradável, quase que saudosista. Amarante saiu-se bem cantando em inglês, com uma voz que até lembra o Julian Casablanca, vocalista do Strokes. Quanto as canções, o que mais gostei foi o ritmo meio jovem guarda de Brand New Start, da voz infanto-juvenil da Binki Shapiro na faixa Unattainable (só pra competir com a Mallu Magalhães) e o estilo rock moderno da faixa Keep Me in Mind.

Mesmo que aqueles fanáticos por Los Hermanos, por algum tipo de implicância, não tenham gostado do Sou ou do Little joy, os dois trabalhos valem uma recomendação, principalmente neste tempo chuvoso, onde a melhor opção é ficar em casa, com raiva da chuva, e ouvindo toda a biblioteca do Windows Media Player.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Jards Macalé (1972)

Há tempos venho querendo escrever sobre Jards Macalé, grande músico e compositor, que acompanhou de perto o Tropicalismo, principalmente junto a Caetano Veloso e Gal Costa, produzindo e arranjando álbuns dos dois artistas. Jards participou da produção e nos arranjos de um dos melhores disco do Caetano, o Transa, de 1972, onde, a pedidos de Caetano, Macalé foi até Londres, na época do exílio do compositor baiano, para acompanha-lo na composição do disco. Além do Transa, Jards Macalé também ajudou nos arranjos do álbum LeGal, da Gal Costa, de 1970, além de ter produzido o show da intéprete baiana intitulado Meu Nome é Gal.

Cheguei até Jards Macalé através de um amigo, há alguns anos atrás, quando ele me recomendou ouvir o primeiro álbum de Macalé, intitulados Jards Macalé, de 1972.


A primeira coisa que percebi no álbum foi a proximidade com a sonoridade do Transa, de Caetano Veloso. Um violão Folk, acompanhado de uma bateria e um baixo. Uma banda compacta e crua, além de fazer uma mesclagem entre o Rock, Samba, Bossa Nova, faz com que o disco não tenha um conceito definitivo.

Farinha do Desprezo abre o disco, mostrando a característica Folk a qual me referi anteriormente, misturado com um Samba-Jazz. A segunda faixa é Vapor Barato, cantada de uma forma estranha, transmitindo um sentimento de sofrimento.

Destaco a música Mal Secreto, a minha favorita do álbum, e que ficou perfeita na interpretação da Gal Costa no álbum Fa-tal. Faixa que traz uma melancolia característica de Jards Macalé. Além de Mal Secreto, tem a clássica Let’s Play That, que traz a famosa frase do poeta tropicalista Torquato Neto, que diz: "vai, bicho, desafiar o coro dos contentes".

Apesar de ser pouco conhecido entre a maioria das pessoas, Jards é um cara de primeira linha da MPB, que ao lado de artistas como Sérgio Sampaio, Belchior e outros, faz parte do chamado grupo dos malditos da MPB. Vale a pena conferir o disco de 1972 e, com certeza, o resto da obra de Jards.

Fui!

terça-feira, 30 de setembro de 2008


You Don't Know Me at All

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Baden

Primeiramente, peço desculpas aos leitores do Ouvido Absoluto, por estar ausente por algum tempo. O cidadão aqui agora é trabalhador e, infelizmente, não tenho mais tanto tempo para me dedicar ao blog. Prometo me esforçar mais.
É com muita responsabilidade que escrevo aqui sobre este músico, que, incontestavelmente, foi um dos melhores que a música brasileira já conheceu. Baden Powell é sinônimo de violão. Aliás, ele mais do que isso. Baden Powell é um violão. Ele mesmo disse que o instrumento era a extensão do braço dele. Há como duvidar?
Baden também era um grande compositor, e teve como grande parceiro o poeta Vinícius de Moraes. Parceria que rendeu ótimas composições como Berimbau, Samba da Benção, Formosa e tantas outras. O disco Os Afro-sambas – Baden & Vinícius, de 1966, é clássico da MPB.

Tempos atrás fiz o download de um álbum excelente, que mostra o grande mestre do violão brasileiro ao vivo, com uma performance que te deixa sem ar, em meios a tantos dedilhados. Trata-se do álbum Ao Vivo no Teatro Santa Rosa, também de 1966.


A forma como Baden toca, chega a confundir a cabeça daqueles que tentam entender o que é seu violão. A interpretação de O Astronauta, outra parceria com Vinícius, é sensacional, uma das melhores do disco. Sem falar na quinta faixa, Berimbau, intensa e veloz, que deixa a impressão que Banden Powell tem mais que cinco dedos em uma mão – eu não duvido.
É um disco que já faz parte da minha listinha de mais ouvidos e através dele, resolvi conhecer profundamente a obra deste grande violonista.

Só pra ressaltar, tive a oportunidade de assistir – boquiaberto - a apresentação de Marcel Powell, filho de Baden, no Circuito de Jazz da Estação Porto. O que posso dizer é que o sobrenome que Marcel carrega, faz jus a toda a sua habilidade no violão. Ele realmente é “filho do cara”.Clique AQUI para fazer o download do disco Ao Vivo no Teatro em Santa Rosa. No blog Um que tenha, você também pode baixar tantos outros disco do mestre.


terça-feira, 12 de agosto de 2008

Nota

Uma coisa que esqueci de comentar anteriormente. Não sei se perceberam, mas eu mudei o nome do blog para Ouvido Absoluto. Acho que esse nome tem mais a ver com a minha proposta aqui, que é fazer as minhas análises e recomendações musicais, e para isso o ouvido é algo absolutamente indispensável, logicamente. Além disso, o outro nome, Renan Bono, era um tanto quanto vago. Portanto, não se assuste, pessoa, você não está no blog errado - talvez esteja.


Outra observação: aquelas pessoas que sempre passam pelo blog e nunca comentam - apenas pessoalmente. Por favor, continue visitando, porém, deixe seu recado, seja elogiando, criticando, dizendo para eu desistir ou qualquer outra coisa. Não se envergonhe. Sua opinião é deveras importante.


É isso.


até...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A Alucinação de Belchior

Para mim, é mais um grande compositor que - infelizmente - não tem o reconhecimento que merece, principalmente por causa de sua voz um pouco limitada, mas que se encaixa muito bem em suas próprias músicas. Reconheço que, musicalmente, Belchior não é aquele grande criador, com harmonias e melodias medianas, mas o grande barato dele é o conteúdo lírico. Lembro de um professor de literatura que tive, apontar algumas semelhanças entre ele e Bob Dylan, sem comparações, logicamente. O estilo trovador, a poesia cortante, de fato, lembra o grande poeta norte americano.

Belchior é um compositor muito regravado e muitas de suas canções são mais conhecidas na voz de outros artistas. O primeiro contato que tive com a música dele foi na excelente interpretação de Elis Regina em Como Nossos Pais. Logo depois, ouvi a versão que a banda Los Hermanos fez para A Palo Seco. Essas duas canções fazem parte de um álbum que mais tarde fui adquirir, chamado Alucinação, lançado em 1976.


Gosto muito do álbum, talvez seja o mais conhecido e o favorito entre aquelas pessoas que apreciam a música de Belchior. Alucinação foi o disco que consolidou sua carreira. Outros grandes clássicos fazem parte do álbum, como Apenas um Rapaz Latino Americano, Velha Roupa Colorida e a faixa que intitula o álbum, Alucinação. Para quem não conhece Belchior, eis o disco que mostra perfeitamente o grande compositor que ele é.

Clique aqui e assista a banda Los Hermanos Cantando A Palo Seco ao lado de Belchior no programa Altas Horas. Vale a pena, é bem legal.



Fui!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Vitória Bossa Nova

Ontem (quarta-feira) terminou o festival Vitória Bossa Nova, homenagem capixaba aos 50 anos de Bossa Nova. O evento contou com dois participantes do movimento: João Donato tocou na segunda-feira e Roberto Menescal encerrou as apresentações ontem.

Para quem não sabe, o Espírito Santo é um lugar especial para a Bossa Nova. Dois grandes nomes saíram daqui para fazer sucesso entre os principais artistas no Rio de Janeiro. Nara Leão, nascida em Cachoeiro do Itapemirim, grande intérprete e musa do movimento e Roberto Menescal, nascido aqui em Vitória, um dos principais compositores. Além disso, a capital capixaba era freqüentada por muitos artistas bossanovistas. Vinícius de Moraes, principal letrista da Bossa, já esteve por aqui passando alguns dias. A cantora Maysa chegou a morar aqui por alguns anos e João Gilberto, aquele que para mim é a Bossa Nova, passou 20 dias em lua-de-mel aqui em Vitória com a sua primeira esposa, Astrud Evangelina Weinert, que mais tarde gravou dois discos excelentes com João em parceria com o jazzista americano Stan Getz. Passados esses anos, a Bossa Nova ganhou uma homenagem aqui do estado.

Os shows de João Donato e Roberto Menescal foram, de uma maneira geral, bons. Alguns fatos lamentáveis marcaram um pouco as apresentações, começando pela precariedade do som. Muitos ruídos e microfonias atrapalharam aqueles que gostam de prestar atenção em toda a beleza sonora do show, mas, pior que isso, era a conversa entre o público, que se ouvia melhor e com mais intensidade do que os próprios artistas no palco. Fato muito incômodo para quem foi ao local para assistir ao show e até prejudica a cidade para outras possíveis apresentações de outros artistas. Mesmo assim eu gostei de estar lá, não poderia perder de forma alguma a oportunidade de assisti-los, de ouvir mais uma vez a boa música brasileira.

João Donato Apresentou-se com sua banda e o show foi o mais afetado pelos problemas que eu citei acima, e pelo fato de ser um show mais instrumental, não teve muita repercussão do público. Já o show do Menescal foi um pouco mais tranqüilo, onde ele cantou composições mais populares, algumas próprias que foram sucesso na Bossa Nova como O Barquinho e Você. Além disso, cantou outros sucessos como Meditação, Samba de Verão (Summer Samba) e o clássico Chega de Saudade. Isso fez o show um pouco mais agradável ao público. Roberto Menescal se apresentou com a Cantora Wanda Sá. A música local também esteve presente. Afonso Abreu Trio fizeram uma excelente apresentação como abertura do show de João Donato. As cantoras Eliane Gonzaga e Andréia Ramos, acompanhadas de grandes músicos, dentre eles o baixista Ney Conceição e o pianista Pedro Alcântara, abriram o show do Menescal e Wanda Sá.

Só espero que eventos como esses não deixem de acontecer por aqui. Será que teremos que esperar mais 50 anos para poder presenciar mais homenagens e mais shows de Bossa Nova?


quinta-feira, 10 de julho de 2008

Banda Larga Cordel



Após essa época de sufoco na faculdade, enfim, o bloqueio mental acabou e estou aqui de volta.

Nesta semana chegou às lojas o novo álbum do Gilberto Gil, o Banda Larga Cordel. Depois de 11 anos sem lançar algo inédito, desde o álbum Quanta (1997), Gil se movimentou, e já estava mais do que na hora de mostrar algo novo para nós, fãs de sua música. Ainda não adquiri o CD, mas, graças à internet, já tive a oportunidade de ouvir e, sinceramente, gostei do que ouvi.

Os fãs já acostumados com a musicalidade do Gil, totalmente exacerbada, típico de sua veia tropicalista, não acharão nada de diferente neste álbum, que segue bem o estilo que ele veio apresentando em seus últimos álbuns, no caso, uma mistura de Reggae, encontrada no álbum Kaya N’Gan Daya (2002), disco de covers de Bob Marley, e uma sonoridade em um estilo nordestino, forró, xote, apresentadas nos álbuns São João Vivo (2001) e Gilberto Gil e as Canções de Eu, Tu, Eles (2000). Este último, disco de versões que ele fez para a trilha sonora do filme Eu, Tu, Eles (2000). O Gil disse que algumas canções têm um tema poético popular, nordestino, um estilo que se relaciona diretamente com a poesia de cordel. Além de alguns sambas, o álbum tem recursos eletrônicos também presentes, já que a expressão Banda Larga remete a tecnologia.

O disco contém 16 faixas e ressalto algumas aqui. A primeira do disco é intitulada Despedida de Solteira. A música é um xote, uma letra que, segundo Gil, é bem maliciosa. Uma história divertida que fala de uma mulher que casa com outra mulher. A segunda, Os Pais, tem uma sonoridade mais pop/rock, e um tema que fala de regras, repressão e liberdades. Não Grude Não é a terceira música do disco e é um forró que ele fez para o filme O Homem que Desafiou o Diabo, do diretor Moacyr Gomes.

O disco segue com dois sambas, duas regravações. A primeira é Formosa, uma das parcerias de Vinícius de Moraes com o grande violonista Baden Powell. A segunda é uma nova roupagem para a faixa Samba de Los Angeles, feita pelo próprio Gilberto Gil, mas já gravada por ele no disco Nightingale, em 1979. Tem a faixa La Renaissance Africaine, com um ritmo mais eletrônico, uma letra em francês. Música feita por encomenda para o festival de artes negras que acontecerá em 2009 na África do Sul. A bela poesia de Olho Mágico, sétima faixa, mostra que Gil ainda não perdeu aquele jeito de brincar com as palavras.

Outra música que eu gosto muito é Minha Gueixa no Tatame. Um samba animado que tem o mesmo arranjo melódico da música Minha Nega na Janela, do disco Antologia Samba-Choro (1978), parceria de Gil com Germano Mathias. Máquina de Ritmo, décima quarta do disco, é um das favoritas. A primeira vez que ouvi foi no DVD Outros Bárbaros, versão mais atual dos saudosos Doces Bárbaros, composto por Caetano, Gil, Gal e Bethânia. É um samba onde Gil fala da oposição das pessoas contra a máquina de ritmo, aparelho usado por alguns músicos, e faz uma argumentação a favor dos progressos da música, mostrando mais uma vez a sua veia tropicalista.

E, para terminar, a faixa título do álbum, Banda Larga Cordel. Gil define como a mais politizada do disco, onde ele faz uma apologia às tecnologias, uma mistura entre poesia e política.

Logicamente, a melhor forma de comprovar tudo isso que falei é escutando o Banda Larga Cordel. Pela WEB existem vários sites que disponibilizam os links para Dowload. Clique aqui e ouça na íntegra as faixas do disco no site do Gilberto Gil.

Este outro link vai para o site do disco. Lá contém mais informações sobre ele, além de vídeos da turnê, entrevistas e fotos. Vale a pena conferir.


Fui.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Nota

Aos poucos leitores desse Blog.
Não, eu não esqueci isso aqui. O que acontece é que o final de período tá matando. Matérias e matérias pra entregar, trabalhos para apresentar, sem falar na pressão que é correr atrás de notas perdidas pelo período. Além disso, meu time está prestes a disputar uma final de libertadores da América, não há como se concentrar. Não consigo ler nada, escrever nada, ouvir nada e por isso não posto aqui. Brevemente estarei de volta.
Paciência...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Francis e Antônio



Falar de Frank Sinatra e Tom Jobim pode ser mais fácil do que se parece. Basta imaginar uma coisa: Qual será o resultado da junção entre aquele que é considerado o maior cantor do século 20 com aquele que é considerado um dos maiores músicos da música popular brasileira e, por que não, da música mundial?
É lógico que não pode ser menos que extraordinário. Basta olhar o talento e a história desses dois ícones da música que você não terá dúvidas. E este encontro aconteceu. Depois do enorme sucesso que a Bossa Nova fez no decorrer dos anos 60, inclusive tomando conta da terra do Tio Sam, Tom Jobim começou a ter projeção entre os principais músicos da época. É claro, o maestro da nossa música popular merecia todo o reconhecimento. Basta ouvir e perceber a enorme riqueza musical em suas composições. Melodias impressionantes com harmonias que vão muito além dos acordes dissonantes. Mas, deixando o papo de músico pra lá. Diz a história que Tom estava num bar em Ipanema, o mesmo bar que ele e Vinícius costumavam observar aquela famosa garota que passavam linda e cheia de graça a caminho do mar, quando derrepente o telefone tocou, e era uma ligação para Tom. Do outro lado da linha ninguém mais do que Frank Sinatra, o chamado “The Voice” - perfeito apelido, dizia a Tom que queria gravar um disco com canções feitas pelo próprio Antônio Brasileiro. A resposta de Tom Jobim foi imediata. Logicamente, não havia de recusar tal convite. O encontro entre os dois rendeu um disco, chamado de Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, lançado em 1967. O disco traz dez canções, sendo que sete são de Tom Jobim. As interpretações de Sinatra ficaram excelentes, logicamente, e apesar da presença dele, você vê a Bossa Nova presente no disco. E não teria que ser diferente. As músicas foram passadas para o idioma norte americano. O clássico The Girl From Ipanema (Garota de Ipanema), composição de Tom e Vinícius, teve a letra reescrita por Norman Gimbel e foi lançada no disco Getz/Gilberto, interpretada inicialmente por Astrud Gilberto e João Gilberto em 1963. Corcovado virou Quiet Night of Quiet Stars, a música Inútil Paisagem virou If You Never Come to Me e a música Insensatez virou How Insensitive. De todas as músicas, a minha favorita é a belíssima Dindi. Não tenho como explicar aqui a beleza dessa música, e até me arrisco a dizer que prefiro a versão em inglês. Heresias à parte, durante a gravação do disco músicas além das que foram lançadas no álbum de 67 foram gravadas. Com exemplo dos Clássicos Off Key (Desafinado), Drinking Water (Água de Beber), One Note Samba (Samba de Uma Nota Só), Triste, Wave e outras mais. Em 1979 saiu aqui no Brasil uma edição especial com todas as gravações, inclusive mais duas que nunca saíram em discos anteriores. São as faixas Bonita, escrita por Jobim, e Sabiá, parceria de Chico Buarque e Tom Jobim que ganhou o Festival Internacional da Canção (FIC), em 1968.
Esse encontro rendeu uma participação em um programa no horário nobre da televisão dos EUA, que segundo a lenda, não houve ensaio para a apresentação. Graças a WEB, é possível assistir esse momento. Frank Sinatra e Tom Jobim cantando The Girl From Ipanema. Tom com seu jeitinho brasileiro, sentado no banquinho com seu violão e sua perna cruzada. Reparem bem na maneira como Sinatra interpreta a canção, olhando a letra escrita no chão do estúdio, com o seu cigarrinho na mão e seu jeito inconfundível de cantar.


sexta-feira, 16 de maio de 2008

It's Only Rock 'N' Roll (But I Like It)

Tenho em mãos o livro Sexo, Drogas e Rolling Stones, escrito pela dupla José Emilio Rondeau e Nelio Rodrigues. O livro traz algumas histórias da banda que, segundo os autores, se recusa a morrer. Concordo plenamente. Afinal, são 46 anos de estrada e com certeza muita coisa aconteceu nesse tempo. Mas não estou aqui para falar do livro, porque ainda não li. Estou aqui para falar de Rolling Stones.
Minha relação com eles não foi uma coisa instantânea, como aconteceu com outras bandas e outros artistas. Eu demorei pra gostar de Stones. Lembro que eu era mais moleque e com aquela curiosidade de sempre comprei o até então recém lançado Forty Licks, álbum duplo que traz os principais sucessos da banda. Eu não gostei de muita coisa. Aquilo ainda era muito novo para mim, ou eu era muito novo para aquilo. Sei lá. Eu esperava mais. Também foi a mesma época em que comecei a ouvir Beatles. O fascínio por John, Paul, George e Ringo foi muito maior. Eu não me atrevia a conhecer além dos grandes clássicos. Mas as coisas mudaram e a minha vontade de ouvir coisas novas foi aumentando. Até que eu tomei a iniciativa e comecei a explorar a obra dos Rolling Stones. Foi quando eu descobri um álbum chamado Exile On Main Street.



Eu pirei nesse disco, que hoje considero um dos maiores da história do rock. Lançado em 1972 ele sucedeu dois discos que eu também gosto muito, o Let It Bleed e o Sticky Fingers. Dizem que foi gravado na época em que os Stones estavam na maior fase de consumo de drogas de toda a carreira. Talvez isso tenha contribuído e muito para o resultado final. Lendas a parte, o álbum traz 18 faixas. As duas primeiras já demonstram o mais puro Rock ‘N’ Roll. São músicas com a cara dos Stones. Rock cru e enérgico. O “oh yeah” dito por Mick Jagger na introdução de Rocks Off, acompanhando o riff de Keith Richards, já te deixa no clima, que com a faixa seguinte, Rip This Joint, vai aumentando. A quinta faixa, Tumbling Dice, é um dos hits do disco e traz uma atmosfera legal, que se confirma ainda mais na faixa posterior. A sexta música, Sweet Virginia, é uma das minhas favoritas. Tem um refrão forte, cantado em coro, e quando se junta a sua voz faz com que você se sinta parte da música. Sweet Virginia abre a seqüência acústica do Exile, que também conta com as faixas Torn And Frayed e Sweet Black Angel. A nona faixa é Loving Cup. Ótima balada. Ficou perfeita com a participação do Jack White, da banda White Stripes, no recém lançado filme The Rolling Stones – Shine a Light. A faixa 10, Happy, traz Keith Richards no vocal. Além dessas músicas eu destaco Ventilator Blues, com seu riff muito louco, Stop Breaking Down, do Bluesman Robert Jhonson e, logicamente, Shine a Light com seu clima gospel e que tem nos teclados a participação de Billy Preston, grande múscico que participou de álbuns como o Abbey Road e o White Album dos Beatles, o Sticky Fingers e álbuns posteriores dos Stones. Shine a Light é um dos clássicos do disco.
Exile On Main Street me fez virar um grande fã dos Stones e, além disso, me fez entender porque algumas pessoas dizem que são a maior banda de rock de todos os tempos. Não sei se concordo com essa afirmação. Eu continuo gostando mais de Beatles, mas se tenho que apontar uma banda que traduza melhor a combinação sexo, drogas e Rock ‘N’ Roll, não há dúvida. Essa banda é Rolling Stones.


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Cartola - 1976

É até um pouco de ousadia minha falar de samba, já que ainda conheço pouco do que realmente vale a pena ouvir. Uma dessas coisas é o sambista Cartola. Devido a uma feliz curiosidade comprei o segundo álbum dele, de 1976, intitulado Cartola.



Fiquei muito feliz com a descoberta. Sempre ouvi grandes nomes da nossa música falarem da importância de Cartola para a MPB e, principalmente, para o samba, mas até então, não tive a oportunidade de escuta-lo. Ouvi neste disco a simplicidade de um grande sambista e, ao mesmo tempo, a fineza de um grande poeta. Começando pela primeira faixa, O Mundo é Um Moinho, uma das mais belas do disco. Músicas que falam de amor, mas que não são nem um pouco melodramáticas. O próprio compositor dizia que preferia falar de amor e de mulher, que são coisas que realmente são importantes na vida. Mas o que mais me encanta no disco são as melodias criadas por Cartola, melodias que até o maestro Villa Lobos apreciava. A maior prova disso é a faixa As Rosas Não Falam, que veio a se tornar uma das canções mais conhecidas do compositor. Com razão. E, logicamente, o poeta fala do seu amor pela escola de samba Estação Primeira de Mangueira na faixa Sala de Recepção. Cartola foi um dos fundadores da Mangueira e compôs o primeiro samba da escola, intitulado Chega de Demanda. Além dessas músicas eu também ressalto as faixas Preciso Me Encontrar, única faixa não composta por Cartola, e Não Posso Viver Sem Ela, samba que confirma as palavras do compositor quando ele diz que gosta de falar de mulher.

Ta aí mais uma dica. Samba de primeira, sofisticadíssimo. E só pra completar, Cartola era tricolor, assim como quase todos os grandes nomes da nossa música. Então pode confiar que o som vale a pena escutar.

Hehe.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Melhor do que o silêncio só João

Passeado pela internet recebi uma notícia muito boa. Um dos maiores nomes da nossa música resolveu sair de um silêncio que durava quase uma década. João Gilberto vai subir aos palcos em uma homenagem aos 50 anos da Bossa Nova. Ele fará quatro apresentações em três cidades diferentes. Infelizmente a cidade onde eu moro está fora da rota dos shows dos grandes artistas, e não seria diferente desta vez. As cidades escolhidas foram São Paulo, nos dias 14 e 15 de Agosto, Rio de Janeiro, no dia 24 de Agosto e 05 de Setembro em Salvador. Além das apresentações no Brasil ele tem mais alguns shows agendados no exterior, incluindo no Carnegie Hall, em Nova Iorque – local do lendário concerto da Bossa Nova em 1962, e apresentações no Japão. Quem sabe eu consiga ir a algum dos concertos aqui no Brasil, de preferência lá no Rio, local mais acessível para mim.




E falando em João Gilberto, lembrei de um disco que sinceramente está na minha lista dos melhores da música brasileira. Falo do álbum Amoroso, lançado em 1977.




Esse disco, em minha opinião, é o mais bem acabado do João Gilberto. O arranjo das músicas ficou muito bom, um som que preenche os sete buracos da sua cabeça, e o melhor de tudo é ouvir o João cantando bonito, mais do que em todos os outros álbuns. Oito músicas fazem parte do repertório. Alguns clássicos da Bossa Nova como Wave, Triste e Caminhos Cruzados e clássicos da música mundial como Besame Mucho e Estate. Mas as minhas faixas preferidas são Tim tim por tim tim, um samba com a cara do João e ‘S Wonderful, oportunidade rara de ouvi-lo cantando em inglês. A outra faixa é Zíngaro, composição de Chico Buarque e Tom Jobim, que também é conhecida com o nome Retrato em Branco e Preto, devido a um problema de diferenças de idéias de Chico e Tom, mas isso é outra história.
Fica aí a dica do Amoroso, vale muito a pena escutar. Quanto aos shows, tomara que o João volte sendo o mesmo João, aquele que com sua voz e seu violão encanta todo o público que vai assisti-lo, aquele que reclama do microfone, do ar-condicionado, do barulho da platéia, enfim, João Gilberto.

Faixas do disco:

01-'S Wonderful
(George e Ira Gershwin)
02-Estate
(Bruno Martino - Bruno Brighetti)
03-Tim tim por tim tim
(Geraldo Jacques - Haroldo Barbosa)
04-Besame mucho
(C.Velaquez)
05-Wave
(Tom Jobim)
06-Caminhos cruzados
(Newton Mendonça - Tom Jobim)
07-Triste
(Tom Jobim)
08-Zíngaro
(Chico Buarque - Tom Jobim)

Fui!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Let Jimi take over



“Hendrix toca no Bag O’Nails, na Kingly Street. Vamos lá também. Pete Townshend presente, e Eric Clapton está quase irreconhecível. Acaba de retornar de Paris e parece um elegante dândi francês, cabelo à escovinha e suéter de caxemira bem justa. Na hora em que Hendrix sobe ao palco, o clube está tão quente e lotado que o vapor condensado escorre pelas paredes. O suor também desliza pelas minhas costas quando Hendrix inicia a característica e pesada introdução de “Purple Haze”. Reclamo: “Não estou vendo ele!” Sinto-me desfalecer imprensada na multidão, desejando não ter tomado três potentes doses de tequila. Alguém me ergue sobre os ombros para que eu possa ver o palco. Jovem, muito magro, negro, com o cabelo crespo que o envolve com um halo, Hendrix está com a guitarra pendurada bem baixo e ligeiramente distante do corpo, mas mesmo assim faz com que ela grite de maneira desafiadora, embora não pareça que seus dedos estejam se mexendo. Ele acaba por cair de joelhos e começa a tocar com os dentes. Ficamos espantados. Sinto um pânico momentâneo, achando que ele pode ser eletrocutado. Pete e Eric estão de boca aberta, mas nada dizem, e Hendrix termina com um floreio polifônico de ódio e lamentação. Quando desce do palco para falar com Townshend e Clapton, mostra-se tão tímido e respeitoso que ficamos todo encantados.


Artigo escrito por Penny Valentine, influente crítica da música pop, em 1967.



“Estávamos tocando um dos shows do Experience num clube, no norte da Inglaterra, completamente diferente de Londres. Quando todos viram Noel, Mitch e, em especial, a mim, não sabiam que diabos estava acontecendo. Deviam pensar que éramos de Júpter ou de Saturno. Alguns homens ficavam cochichando sobre ‘aquele negro’ e fazendo comentários bastantes grosseiros a respeito de Noel e Mitch. Continuamos a tocar, e de vez em quando os caras pareciam se descontrair e prestar alguma atenção na música. Eles realmente se animaram na hora de ‘Hey Joe’. Depois que terminamos, um grandalhão de cara vermelha, do tipo brigão, se aproximou de mim e disse: ‘Neguinho, você tem dedos mágicos.’”


Jimi Hendrix



Trechos tirados do livro Jimi Hendrix: a dramática história de uma lenda do rock, Sharon Lawrence.












quinta-feira, 3 de abril de 2008

" E que o Chico Buarque de Hollanda nos resgate..."

Dia desses ouvi uma música no rádio que sinceramente deixou-me muito preocupado. A música era de uma dupla sertaneja de enorme sucesso chamada Vitor e Léo. Não sei qual é o nome dela, e também não interessa saber, mas sei que ela dizia uma coisa assim:

“Que vida boa,
Sapo caiu na lagoa...”


Deixou-me preocupado pelo fato de imaginar até onde vai essa pobreza lírica da música popular brasileira atual. Não sou nenhum grande conhecedor de literatura, mas só de pensar que já tivemos na nossa música poetas e letristas do nível de Chico Buarque, Caetano Veloso e Vinícius de Moraes fazendo sucesso nas rádios e na cabeça do povo, hoje, infelizmente, temos de aturar coisas como essa que eu acabei de citar.

Caetano tem toda razão. Tomara que não só o Chico Buarque nos resgate, mas que novos compositores não tentem e não consigam piorar o que já está muito ruim.


E xeque-mate!



quinta-feira, 6 de março de 2008

Tropicália

Bem, depois de um longo tempo sem postar até parece que eu esqueci desse blog, mas não, é porque não estive muito inspirado para escrever aqui ultimamente, mas enfim, estou aqui e trago mais uma dica de leitura.
Ganhei de presente da minha mãe um livro de uma qualidade excepcional. Falo do livro Tropicália: uma revolução na cultura Brasileira.

Este livro foi lançado em 2007 em homenagem aos 40 anos de Tropicália e é um documento riquíssimo para os adoradores do movimento. Um projeto altamente bem feito e organizado por Carlos Basualdo. Faz uma perspectiva geral do que foi o Tropicalismo em suas diversas áreas da cultura.
No livro são inseridos ensaios contemporâneos escritos por Carlos Basualdo, Flora Süssekind, Ivana Bentes, Celso Favaretto, Christoper Dunn e Hermano Vianna falando de música, cinema, artes plásticas, literatura e tudo mais o que diz respeito a tropicália.
Também é constituído de uma coletânea de textos históricos dos principais nomes do movimento, nomes como Caetano Veloso, Hélio Oiticica, Torquato Neto, Gilberto Gil, Glauber Rocha e grandes incentivadores e “companheiros” como Oswald de Andrade, Augusto de Campos, Nelson Motta além de um acervo de fotos muito rico.
Além de um design moderno é um livro bonito, cheio de cores e conteúdo. O preço ainda é um pouco salgado, mas faz jus à qualidade. Vale a pena conferir.



Foto da capa do disco-manifesto do Topicalismo que reunia grandes artistas como Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa, Rogério Duprat, Nara Leão - sim, ela esta aí - , Caetano Veloso e os Mutantes.