sexta-feira, 16 de maio de 2008

It's Only Rock 'N' Roll (But I Like It)

Tenho em mãos o livro Sexo, Drogas e Rolling Stones, escrito pela dupla José Emilio Rondeau e Nelio Rodrigues. O livro traz algumas histórias da banda que, segundo os autores, se recusa a morrer. Concordo plenamente. Afinal, são 46 anos de estrada e com certeza muita coisa aconteceu nesse tempo. Mas não estou aqui para falar do livro, porque ainda não li. Estou aqui para falar de Rolling Stones.
Minha relação com eles não foi uma coisa instantânea, como aconteceu com outras bandas e outros artistas. Eu demorei pra gostar de Stones. Lembro que eu era mais moleque e com aquela curiosidade de sempre comprei o até então recém lançado Forty Licks, álbum duplo que traz os principais sucessos da banda. Eu não gostei de muita coisa. Aquilo ainda era muito novo para mim, ou eu era muito novo para aquilo. Sei lá. Eu esperava mais. Também foi a mesma época em que comecei a ouvir Beatles. O fascínio por John, Paul, George e Ringo foi muito maior. Eu não me atrevia a conhecer além dos grandes clássicos. Mas as coisas mudaram e a minha vontade de ouvir coisas novas foi aumentando. Até que eu tomei a iniciativa e comecei a explorar a obra dos Rolling Stones. Foi quando eu descobri um álbum chamado Exile On Main Street.



Eu pirei nesse disco, que hoje considero um dos maiores da história do rock. Lançado em 1972 ele sucedeu dois discos que eu também gosto muito, o Let It Bleed e o Sticky Fingers. Dizem que foi gravado na época em que os Stones estavam na maior fase de consumo de drogas de toda a carreira. Talvez isso tenha contribuído e muito para o resultado final. Lendas a parte, o álbum traz 18 faixas. As duas primeiras já demonstram o mais puro Rock ‘N’ Roll. São músicas com a cara dos Stones. Rock cru e enérgico. O “oh yeah” dito por Mick Jagger na introdução de Rocks Off, acompanhando o riff de Keith Richards, já te deixa no clima, que com a faixa seguinte, Rip This Joint, vai aumentando. A quinta faixa, Tumbling Dice, é um dos hits do disco e traz uma atmosfera legal, que se confirma ainda mais na faixa posterior. A sexta música, Sweet Virginia, é uma das minhas favoritas. Tem um refrão forte, cantado em coro, e quando se junta a sua voz faz com que você se sinta parte da música. Sweet Virginia abre a seqüência acústica do Exile, que também conta com as faixas Torn And Frayed e Sweet Black Angel. A nona faixa é Loving Cup. Ótima balada. Ficou perfeita com a participação do Jack White, da banda White Stripes, no recém lançado filme The Rolling Stones – Shine a Light. A faixa 10, Happy, traz Keith Richards no vocal. Além dessas músicas eu destaco Ventilator Blues, com seu riff muito louco, Stop Breaking Down, do Bluesman Robert Jhonson e, logicamente, Shine a Light com seu clima gospel e que tem nos teclados a participação de Billy Preston, grande múscico que participou de álbuns como o Abbey Road e o White Album dos Beatles, o Sticky Fingers e álbuns posteriores dos Stones. Shine a Light é um dos clássicos do disco.
Exile On Main Street me fez virar um grande fã dos Stones e, além disso, me fez entender porque algumas pessoas dizem que são a maior banda de rock de todos os tempos. Não sei se concordo com essa afirmação. Eu continuo gostando mais de Beatles, mas se tenho que apontar uma banda que traduza melhor a combinação sexo, drogas e Rock ‘N’ Roll, não há dúvida. Essa banda é Rolling Stones.


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Cartola - 1976

É até um pouco de ousadia minha falar de samba, já que ainda conheço pouco do que realmente vale a pena ouvir. Uma dessas coisas é o sambista Cartola. Devido a uma feliz curiosidade comprei o segundo álbum dele, de 1976, intitulado Cartola.



Fiquei muito feliz com a descoberta. Sempre ouvi grandes nomes da nossa música falarem da importância de Cartola para a MPB e, principalmente, para o samba, mas até então, não tive a oportunidade de escuta-lo. Ouvi neste disco a simplicidade de um grande sambista e, ao mesmo tempo, a fineza de um grande poeta. Começando pela primeira faixa, O Mundo é Um Moinho, uma das mais belas do disco. Músicas que falam de amor, mas que não são nem um pouco melodramáticas. O próprio compositor dizia que preferia falar de amor e de mulher, que são coisas que realmente são importantes na vida. Mas o que mais me encanta no disco são as melodias criadas por Cartola, melodias que até o maestro Villa Lobos apreciava. A maior prova disso é a faixa As Rosas Não Falam, que veio a se tornar uma das canções mais conhecidas do compositor. Com razão. E, logicamente, o poeta fala do seu amor pela escola de samba Estação Primeira de Mangueira na faixa Sala de Recepção. Cartola foi um dos fundadores da Mangueira e compôs o primeiro samba da escola, intitulado Chega de Demanda. Além dessas músicas eu também ressalto as faixas Preciso Me Encontrar, única faixa não composta por Cartola, e Não Posso Viver Sem Ela, samba que confirma as palavras do compositor quando ele diz que gosta de falar de mulher.

Ta aí mais uma dica. Samba de primeira, sofisticadíssimo. E só pra completar, Cartola era tricolor, assim como quase todos os grandes nomes da nossa música. Então pode confiar que o som vale a pena escutar.

Hehe.