terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sou - Little Joy

Ouvindo os trabalhos individuais de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, não evitei uma comparação entre os dois álbuns. Não uma comparação pra dizer quem se saiu melhor, mas apenas analisando o projeto dos dois hermanos.

O Sou, de Camelo, eu recebi bem desde a primeira ouvida. A banda que o acompanha, o Hurtmold, é excelente e faz uma sonoridade interessantíssima, principalmente no arranjo das guitarras. A faixa Mais Tarde, sexta do disco, é a minha favorita devido a esse fator.
Eu, sinceramente, acho o Marcelo Camelo mais compositor que o Amarante, sobretudo no que diz respeito à parte melódica. Em todo esse tempo de Los Hermanos ele já mostrou isso. Como exemplo as músicas Dois Barcos e Sapato Novo - ambas fazem parte do álbum 4. Melodias bonitas, dignas de um bom compositor. E, nesse trabalho novo, Camelo mostra isso de forma mais acentuada nas faixas Théo e a Gaivota, Doce Solidão e na belíssima Passeando.


Mas, o disco do Amarante me agradou mais. Acompanhado do baterista brasileiro do The Strokes, Fabrizio Moretti, e a cantora Binki Shapiro, o Little Joy me trouxe um sentimento mais agradável, quase que saudosista. Amarante saiu-se bem cantando em inglês, com uma voz que até lembra o Julian Casablanca, vocalista do Strokes. Quanto as canções, o que mais gostei foi o ritmo meio jovem guarda de Brand New Start, da voz infanto-juvenil da Binki Shapiro na faixa Unattainable (só pra competir com a Mallu Magalhães) e o estilo rock moderno da faixa Keep Me in Mind.

Mesmo que aqueles fanáticos por Los Hermanos, por algum tipo de implicância, não tenham gostado do Sou ou do Little joy, os dois trabalhos valem uma recomendação, principalmente neste tempo chuvoso, onde a melhor opção é ficar em casa, com raiva da chuva, e ouvindo toda a biblioteca do Windows Media Player.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Jards Macalé (1972)

Há tempos venho querendo escrever sobre Jards Macalé, grande músico e compositor, que acompanhou de perto o Tropicalismo, principalmente junto a Caetano Veloso e Gal Costa, produzindo e arranjando álbuns dos dois artistas. Jards participou da produção e nos arranjos de um dos melhores disco do Caetano, o Transa, de 1972, onde, a pedidos de Caetano, Macalé foi até Londres, na época do exílio do compositor baiano, para acompanha-lo na composição do disco. Além do Transa, Jards Macalé também ajudou nos arranjos do álbum LeGal, da Gal Costa, de 1970, além de ter produzido o show da intéprete baiana intitulado Meu Nome é Gal.

Cheguei até Jards Macalé através de um amigo, há alguns anos atrás, quando ele me recomendou ouvir o primeiro álbum de Macalé, intitulados Jards Macalé, de 1972.


A primeira coisa que percebi no álbum foi a proximidade com a sonoridade do Transa, de Caetano Veloso. Um violão Folk, acompanhado de uma bateria e um baixo. Uma banda compacta e crua, além de fazer uma mesclagem entre o Rock, Samba, Bossa Nova, faz com que o disco não tenha um conceito definitivo.

Farinha do Desprezo abre o disco, mostrando a característica Folk a qual me referi anteriormente, misturado com um Samba-Jazz. A segunda faixa é Vapor Barato, cantada de uma forma estranha, transmitindo um sentimento de sofrimento.

Destaco a música Mal Secreto, a minha favorita do álbum, e que ficou perfeita na interpretação da Gal Costa no álbum Fa-tal. Faixa que traz uma melancolia característica de Jards Macalé. Além de Mal Secreto, tem a clássica Let’s Play That, que traz a famosa frase do poeta tropicalista Torquato Neto, que diz: "vai, bicho, desafiar o coro dos contentes".

Apesar de ser pouco conhecido entre a maioria das pessoas, Jards é um cara de primeira linha da MPB, que ao lado de artistas como Sérgio Sampaio, Belchior e outros, faz parte do chamado grupo dos malditos da MPB. Vale a pena conferir o disco de 1972 e, com certeza, o resto da obra de Jards.

Fui!

terça-feira, 30 de setembro de 2008


You Don't Know Me at All

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Baden

Primeiramente, peço desculpas aos leitores do Ouvido Absoluto, por estar ausente por algum tempo. O cidadão aqui agora é trabalhador e, infelizmente, não tenho mais tanto tempo para me dedicar ao blog. Prometo me esforçar mais.
É com muita responsabilidade que escrevo aqui sobre este músico, que, incontestavelmente, foi um dos melhores que a música brasileira já conheceu. Baden Powell é sinônimo de violão. Aliás, ele mais do que isso. Baden Powell é um violão. Ele mesmo disse que o instrumento era a extensão do braço dele. Há como duvidar?
Baden também era um grande compositor, e teve como grande parceiro o poeta Vinícius de Moraes. Parceria que rendeu ótimas composições como Berimbau, Samba da Benção, Formosa e tantas outras. O disco Os Afro-sambas – Baden & Vinícius, de 1966, é clássico da MPB.

Tempos atrás fiz o download de um álbum excelente, que mostra o grande mestre do violão brasileiro ao vivo, com uma performance que te deixa sem ar, em meios a tantos dedilhados. Trata-se do álbum Ao Vivo no Teatro Santa Rosa, também de 1966.


A forma como Baden toca, chega a confundir a cabeça daqueles que tentam entender o que é seu violão. A interpretação de O Astronauta, outra parceria com Vinícius, é sensacional, uma das melhores do disco. Sem falar na quinta faixa, Berimbau, intensa e veloz, que deixa a impressão que Banden Powell tem mais que cinco dedos em uma mão – eu não duvido.
É um disco que já faz parte da minha listinha de mais ouvidos e através dele, resolvi conhecer profundamente a obra deste grande violonista.

Só pra ressaltar, tive a oportunidade de assistir – boquiaberto - a apresentação de Marcel Powell, filho de Baden, no Circuito de Jazz da Estação Porto. O que posso dizer é que o sobrenome que Marcel carrega, faz jus a toda a sua habilidade no violão. Ele realmente é “filho do cara”.Clique AQUI para fazer o download do disco Ao Vivo no Teatro em Santa Rosa. No blog Um que tenha, você também pode baixar tantos outros disco do mestre.


terça-feira, 12 de agosto de 2008

Nota

Uma coisa que esqueci de comentar anteriormente. Não sei se perceberam, mas eu mudei o nome do blog para Ouvido Absoluto. Acho que esse nome tem mais a ver com a minha proposta aqui, que é fazer as minhas análises e recomendações musicais, e para isso o ouvido é algo absolutamente indispensável, logicamente. Além disso, o outro nome, Renan Bono, era um tanto quanto vago. Portanto, não se assuste, pessoa, você não está no blog errado - talvez esteja.


Outra observação: aquelas pessoas que sempre passam pelo blog e nunca comentam - apenas pessoalmente. Por favor, continue visitando, porém, deixe seu recado, seja elogiando, criticando, dizendo para eu desistir ou qualquer outra coisa. Não se envergonhe. Sua opinião é deveras importante.


É isso.


até...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A Alucinação de Belchior

Para mim, é mais um grande compositor que - infelizmente - não tem o reconhecimento que merece, principalmente por causa de sua voz um pouco limitada, mas que se encaixa muito bem em suas próprias músicas. Reconheço que, musicalmente, Belchior não é aquele grande criador, com harmonias e melodias medianas, mas o grande barato dele é o conteúdo lírico. Lembro de um professor de literatura que tive, apontar algumas semelhanças entre ele e Bob Dylan, sem comparações, logicamente. O estilo trovador, a poesia cortante, de fato, lembra o grande poeta norte americano.

Belchior é um compositor muito regravado e muitas de suas canções são mais conhecidas na voz de outros artistas. O primeiro contato que tive com a música dele foi na excelente interpretação de Elis Regina em Como Nossos Pais. Logo depois, ouvi a versão que a banda Los Hermanos fez para A Palo Seco. Essas duas canções fazem parte de um álbum que mais tarde fui adquirir, chamado Alucinação, lançado em 1976.


Gosto muito do álbum, talvez seja o mais conhecido e o favorito entre aquelas pessoas que apreciam a música de Belchior. Alucinação foi o disco que consolidou sua carreira. Outros grandes clássicos fazem parte do álbum, como Apenas um Rapaz Latino Americano, Velha Roupa Colorida e a faixa que intitula o álbum, Alucinação. Para quem não conhece Belchior, eis o disco que mostra perfeitamente o grande compositor que ele é.

Clique aqui e assista a banda Los Hermanos Cantando A Palo Seco ao lado de Belchior no programa Altas Horas. Vale a pena, é bem legal.



Fui!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Vitória Bossa Nova

Ontem (quarta-feira) terminou o festival Vitória Bossa Nova, homenagem capixaba aos 50 anos de Bossa Nova. O evento contou com dois participantes do movimento: João Donato tocou na segunda-feira e Roberto Menescal encerrou as apresentações ontem.

Para quem não sabe, o Espírito Santo é um lugar especial para a Bossa Nova. Dois grandes nomes saíram daqui para fazer sucesso entre os principais artistas no Rio de Janeiro. Nara Leão, nascida em Cachoeiro do Itapemirim, grande intérprete e musa do movimento e Roberto Menescal, nascido aqui em Vitória, um dos principais compositores. Além disso, a capital capixaba era freqüentada por muitos artistas bossanovistas. Vinícius de Moraes, principal letrista da Bossa, já esteve por aqui passando alguns dias. A cantora Maysa chegou a morar aqui por alguns anos e João Gilberto, aquele que para mim é a Bossa Nova, passou 20 dias em lua-de-mel aqui em Vitória com a sua primeira esposa, Astrud Evangelina Weinert, que mais tarde gravou dois discos excelentes com João em parceria com o jazzista americano Stan Getz. Passados esses anos, a Bossa Nova ganhou uma homenagem aqui do estado.

Os shows de João Donato e Roberto Menescal foram, de uma maneira geral, bons. Alguns fatos lamentáveis marcaram um pouco as apresentações, começando pela precariedade do som. Muitos ruídos e microfonias atrapalharam aqueles que gostam de prestar atenção em toda a beleza sonora do show, mas, pior que isso, era a conversa entre o público, que se ouvia melhor e com mais intensidade do que os próprios artistas no palco. Fato muito incômodo para quem foi ao local para assistir ao show e até prejudica a cidade para outras possíveis apresentações de outros artistas. Mesmo assim eu gostei de estar lá, não poderia perder de forma alguma a oportunidade de assisti-los, de ouvir mais uma vez a boa música brasileira.

João Donato Apresentou-se com sua banda e o show foi o mais afetado pelos problemas que eu citei acima, e pelo fato de ser um show mais instrumental, não teve muita repercussão do público. Já o show do Menescal foi um pouco mais tranqüilo, onde ele cantou composições mais populares, algumas próprias que foram sucesso na Bossa Nova como O Barquinho e Você. Além disso, cantou outros sucessos como Meditação, Samba de Verão (Summer Samba) e o clássico Chega de Saudade. Isso fez o show um pouco mais agradável ao público. Roberto Menescal se apresentou com a Cantora Wanda Sá. A música local também esteve presente. Afonso Abreu Trio fizeram uma excelente apresentação como abertura do show de João Donato. As cantoras Eliane Gonzaga e Andréia Ramos, acompanhadas de grandes músicos, dentre eles o baixista Ney Conceição e o pianista Pedro Alcântara, abriram o show do Menescal e Wanda Sá.

Só espero que eventos como esses não deixem de acontecer por aqui. Será que teremos que esperar mais 50 anos para poder presenciar mais homenagens e mais shows de Bossa Nova?